O
empresário Marcelo Odebrecht entregou à Polícia Federal documentos
para comprovar que doações oficiais de R$ 4 milhões ao
Instituto Lula saíram do Setor de Operações Estruturadas, o
departamento de propinas da empreiteira. Marcelo apresentou e-mails
enviados, em novembro de 2013, para executivos do setor. Nas
mensagens, ele informa que os repasses seriam feitos por via legal,
mas debitados de um total de R$ 15 milhõesda planilha
“Italiano” – apontada pela empreiteira como a “conta
corrente” gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci.
Os
recursos seriam destinados ao codinome “Amigo”, que a Odebrecht
diz ser uma referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva.
Além dos e-mails, o empresário apresentou notas fiscais em dois
novos depoimentos prestados à PF em 8 e 21 de agosto, no inquérito
que investiga suspeita de propinas pagas ao Instituto Lula e por meio
de palestras do petista (via Lils Palestras e Eventos).
O
material foi anexado à investigação na quinta-feira passada.
Segundo o empresário – que cumpre prisão em Curitiba –, os
e-mails só foram entregues agora porque não haviam sido localizados
quando ele fechou seu acordo de delação.
No
mesmo depoimento, Marcelo apresentou cópia de recibos de quatro
parcelas da doação ao Instituto Lula, cada uma no valor de R$
1 milhão. “As cópias desses recibos foram extraídas do
computador de Fernando Migliaccio (ex-executivo
da construtora),
com os impressos dos e-mails, o que corrobora que os valores foram
efetivamente descontados da planilha Italiano, senão não haveria
razão para estar de posse dele”, relatou o empresário.
O
novo depoimento de Marcelo corrobora as declarações de Palocci,
condenado a 12 anos e 2 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio
Moro na Lava Jato. O
ex-ministro confessou a Moro ser o “Italiano”. Segundo
Palocci, que tenta fechar acordo de delação com a força-tarefa em
Curitiba, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, e o ex-presidente
selaram um “pacto de sangue” de repasse de R$ 300 milhões ao
PT, durante os governos Lula e Dilma Rousseff.
Mensagem
cifrada. Em
e-mail enviado em 26 de novembro de 2013 por Marcelo aos então
executivos da Odebrecht Alexandrino Alencar e Hilberto Silva –
chefe do Setor de Operações Estruturadas –, os três falam de
forma cifrada sobre o pagamento, que seria feito oficialmente, mas
com recursos debitados da planilha de propinas.
“Italiano
disse que o Japonês vai lhe procurar para um apoio formal ao inst de
4m (não sabe se todo este ano, ou 2 este ano e 2 do outro). Vai sair
de um saldo que o amigo de meu pai ainda tem comigo de 14 (coordenar
com HS no que tange ao Credito) mas com MP no que tange ao discurso
pois será formal”, escreveu Marcelo.
No
depoimento à PF em 21 de agosto, o empresário indicou as siglas do
e-mail. Segundo Marcelo, “Japonês” correspondia a Paulo
Okamotto, presidente do Instituto Lula. A palavra “inst”, disse,
significava Instituto Lula e “4m” era uma referência ao valor
de R$ 4 milhões. Marcelo também afirmou que “HS” são as
iniciais de Hilberto Silva, ex-executivo da empreiteira.
Interrogado
em 8 de agosto, Marcelo afirmou que os pagamentos a Lula acertados
com seu pai não se limitaram aos registrados no codinome “Amigo”
do total de R$ 15 milhõesda planilha de propinas “Italiano”.
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